Ritmo: que tipo de música vibra no seu organismo?
Vivemos de ritmos. O ritmo é a própria vida. A palavra ritmo vem do grego Rhytmós (que, por sua vez, vem do verbo rhein) e significa movimento regulado, cadência ou fluir. Ritmo seria então fluir para ou com a vida. Na falta deste, a vida deixa de fluir, logo teremos um sério problema. Isto pode parecer uma teoria demasiado abstracta mas, o que é facto, é que o ser humano depende de vários ritmos que podem ser físicos, mentais, ou emocionais. Aproximadamente vinte e dois dias após a concepção, o batimento cardíaco do feto é já audível. A falta de batimento cardíaco indicia o início da ausência de vida, ou a morte. Este será provavelmente o ritmo mais significativo do ser humano. O ritmo está presente em várias áreas da vida, na música, na poesia, na prosa, na sonoridade das línguas. O universo tem um ritmo, os planetas circulam segundo uma cadência e uma rota acertada. Qualquer desvio, qualquer alteração pode significar a sua destruição. O sol nasce e põe-se com um ritmo específico e uma intensidade variável. De manhã é suave, respeitando o ritmo da natureza, cujas funções estão estão também a “despertar”. Ao meio do dia torna-se forte e à noite “desaparece” permitindo que outro tipo de funções naturais tenha também lugar. Uma quebra de qualquer uma destas leis originará uma catástrofe natural.
Podemos falar também de ritmo como sendo o tempo ou o espaço que demora a repetir-se um qualquer fenómeno contínuo, a cadência entre o som e o silêncio. A nível musical um ritmo ordenado é agradável, tranquilizante, produz sensações de prazer e bem-estar, pois a dicotomia som/silêncio é criada com uma base estruturada, com sensibilidade e bom senso. Em contrapartida, um ritmo musical desordenado é cacofónico, desagradável, irritante. Se os sons ou os silêncios são excessivos, o efeito melódico e a harmonia perdem-se. Quando estes 3 elementos (ritmo, melodia e harmonia) desaparecem, deixa de existir música.
O que se passa no universo, na natureza, na música, na escrita, passa-se também no nosso próprio organismo. A nível fisiológico, por exemplo, temos o ritmo cardíaco que se traduz nas contracções e relaxamentos do miocárdio. A ciência estuda, tenta compreender e por vezes também alterar os vários ritmos do ser humano. A sociedade, no entanto, puxa-nos cada vez mais para uma quebra total dos ritmos.
Respeitar, trabalhar e, quem sabe, compreender algo mais sobre os nossos ritmos é um grande passo preventivo para o equilíbrio e para o bem-estar. Por outro lado, continuar a desrespeitar, a ignorar e a agredir algo tão valioso, pode significar que no dia que as consequências destes actos se venham a manifestar, o processo seja já irreversível.
O Yoga, o Ayurveda e os sistemas Orientais estudam estes assuntos há milhares de anos bem como o desenvolvimento de ferramentas que promovam o retorno à homeostase, como é o caso da respiração. Mas o ritmo, apesar de muito importante, não é o único aspecto a observar na respiração. A polaridade da respiração, o seu volume, as respectivas fases e a região mais utilizada são outros factores de suma importância e que poderemos abordar num próximo artigo.
Fotografia: Susana Gomes Teixeira