Não se pode amar mais ou menos
Não se pode amar mais ou menos! Não se pode amar pelas palavras, pela roupas, pelas imagens. As palavras desmembram-se, são letras agrupadas. As roupas rasgam-se, são pedaços de tecidos cosidos. As imagens desintegram-se, são pontos de luz aglomerados. Só se pode amar de dentro, a uma só voz. De um lugar onde não há divisão, não há conveniência. O amor não pode ser uma conveniência. Não posso acreditar nisso, nunca pude, nunca quis, nunca acreditei. O amor é um estado, é. Não se movimenta. Não tem tempo. Está para além do tempo, do espaço. Para além da matéria. É uma energia mas está para além da própria energia. O sol movimenta-se? Não! Irradia! Isso é o amor. Não se pode amar porque dá jeito. Porque não existe mais ninguém. Ou porque se precisa de alguém. Mas ao mesmo tempo precisa-se. E liberta-se. É urgente. É urgente porque não há tempo a perder. Ou porque já perdemos muito tempo com coisas que não interessam. É urgente alimentar a alma. Porque a alma não foi feita para estar presa, condicionada. Foi feita para almejar, almejar liberdade. Amar e libertar, libertar no amor. E o coração foi feito para bater. E só um verdadeiro amor pode manter um coração vivo. Porque não há nada mais triste que um coração morto. O coração não pode bater pelas palavras, pelas roupas, pelas imagens, pelas músicas. O coração bate porque está uno com algo maior. E esse algo maior é o amor. É urgente, urgente viver o amor.