Feliz ano novo!
O ano novo traz a mesma sensação de quando deslizamos grãos de areia por entre os dedos das mãos. Uns ficam, outros vão. Os que vão juntam-se ao imenso areal que é a vida em todas as suas variantes, os que ficam aconchegam-se no pequeno mundo que é a palma das nossas mãos. Não existe forma de escolher qual o que fica e o que vai. Por mais que apertemos as mãos com toda a nossa força há sempre um grão que escapa e outro que fica preso e infeliz. Por outro lado, por mais que quiséssemos, não conseguiríamos segurar todos. Cada grão tem o seu lugar, a sua história e, acima de tudo, liberdade própria. Com eles construímos castelos e catedrais. Soprados pelo vento, os grãos voam cada um com a sua meta, o seu destino. Talvez aterrem no quintal do vizinho, talvez mergulhem no mar, talvez o vento os traga de volta, talvez não. E, por mais pequeno que seja, cada grão tem o seu valor. Um grão é poderoso o suficiente para bloquear a engrenagem de uma máquina ou para fazer pender a balança para o lado certo.
É na pequenez das coisas que se vê a grandeza da Natureza. É na pequenez dos actos que se vê a nossa qualidade de Humanos. Acredito, que as nossas mãos podem, agora e sempre, fazer a diferença:
As mãos são minhas mas poderiam ser tuas e nas tuas encontrar o abrigo. As mãos são tuas mas poderiam ser nossas e no nosso avistar o encontro. As mãos são nossas mas poderiam ser deles e no mundo espalhar o afecto.
Feliz 2018!