Como identificar os ladrões que lhe roubam o sono?
Se queremos que as técnicas de relaxamento, respiração ou outras se tornem eficientes, o ideal é que elas encontrem uma casa arrumada, arejada e com espaço para que aí se possam implementar. O que quero dizer com isto é que o primeiro trabalho está na arrumação da casa, em deitar fora tudo aquilo que não serve, que não é usado, que está estragado, ou que nos faz perder tempo. Tudo o que nos retira espaço e nos absorve energia. Em rever o isolamento das janelas para evitar as fugas quando ligarmos o aquecimento. Não nos adianta nada escolher uma bela colecção de móveis para a nossa sala se não nos livrarmos dos antigos e, para que essa colecção lá caiba, talvez tenhamos mesmo que demolir uma parede ou eliminar uma porta. Se continuarmos a teimar em colocar lá as nossas novas aquisições mantendo algumas das outras coisas, a sala ficará uma grande confusão, por melhor que seja a qualidade da nossa compra.
Então, o primeiro passo é observar a minha casa, neste caso a mim próprio, descobrir a pouco e pouco onde estão as fugas e só depois, ou em simultâneo, começar o processo interventivo, de alteração de hábitos, de alongamento dos músculos, de melhoria da respiração, de relaxamento, ou outro. Estas fugas existem normalmente em 3 planos. São eles: plano físico, plano mental e plano emocional.
Ao observar o corpo notará que contrai, sem necessidade, uma série de músculos ao longo do dia, que tem gestos mecânicos e repetitivos, que fala demais e por vezes até à exaustão sobre assuntos que nem lhe interessam tanto quanto isso. Que adquiriu, ao longo da vida, por mimetismo ou por uma tendência emocional, uma postura curvada, desalinhada, que contraria toda a “geometria” com que o seu corpo foi criado. Que o seu ombro direito está mais tenso do que o esquerdo, talvez pelas horas que passa agarrado ao rato, porque carrega uma pasta excessivamente pesada, ou porque há algo a rever na sua alimentação (gastos físicos).
Sente-se mentalmente agitado. A mente saltita entre uma tarefa e outra, entre a discussão que teve com o colega de trabalho ontem, o que vai fazer para o jantar hoje, ou se vai encontrar a felicidade amanhã, nunca se conseguindo concentrar naquilo que está a fazer naquele exacto momento (gastos mentais).
Tem medo de falhar, do governo, do futuro, do vizinho, do escuro, de um qualquer insecto e sabe-se lá mais de quê. Tudo isto representa um gasto brutal de energia e, por isso, ao fim do dia sente-se ESGOTADO (gastos emocionais).
Faça planos para o futuro mas procure entender que o importante é o agora. Se eu não me sentir feliz agora, diminuirei brutalmente as possibilidades de o sentir no futuro. Uma criança é feliz e tem uma enorme quantidade de energia porque vive no presente. Ela brinca totalmente absorta com o seu brinquedo e, a maior parte das vezes, por mais que a chamemos repetidamente, ela nem sequer se vira para ver o que se passa. Todas as fugas que referimos até agora são afluentes com percurso invertido, que em vez de encherem o caudal do nosso rio, o esvaziam, esgotando-nos completamente. Quando eu caminho de forma feliz, falo de forma feliz, trabalho de forma feliz, crio links na minha mente para aquilo que chamo de felicidade. Para já, tente manter a atenção daquilo que está a fazer neste exacto momento, como por exemplo, ler este artigo. E, se possível, procure fazê-lo de uma forma feliz!