Amo-te
Nunca ninguém te disse que poderia não ser fácil. Nunca ninguém te avisou que o outro era também um ser imperfeito e inacabado. Semearam em ti a ideia de uma princesa ou de um príncipe encantado. Não te explicaram que o coração por vezes enferruja, que há muitas pedras no caminho. Não te explicaram que são dois corações, e não um, que terão de dialogar. Fizeram-te acreditar que o amor tudo pode, tudo alcança. E pode. E alcança. Mas na perfeição das imperfeições. Nunca te disseram que tens que te construir, destruir e reconstruir várias vezes ao longo da vida. Que sem um limpa metais potente não consegues espelhar o melhor do outro ou projetar o melhor de ti. Que há idade para tudo e não há idade para nada. Porque tudo é um instante. E não há idade para ser feliz. Condicionaram-te para um protótipo, fizeram-te acreditar que esse protótipo é que era eficaz. Como se fosse uma receita milagrosa. Esqueceram-se que somos inacabados. Que nos podemos construir ou reconstruir de várias formas. Que a criação é uma obra de arte. Quase uma exposição coletiva de vários artistas onde, um deles, és tu.